domingo, 1 de abril de 2012

O CACTO E AS RUÍNAS

Este livro, dividido em dois ensaios, analisa dois poemas: "O cacto" de Manuel Bandeira e "As ruínas de Selinunte" de Murilo Mendes. A primeira parte, destacando o tema recorrente da minha produção, apresenta uma construção poética entre natureza e cultura, poesia e artes plásticas. Em sua narrativa, o autor articula diálogos enfatizando o ser "cacto" como ente dramático e portador de sentimentos ora relacionados com aspectos da planta, ora comparados aos seres humanos. Em seu discurso, o autor também aborda relações do tema e tal forma representacional na arte moderna brasileira.




"A transposição metafórica humaniza, com efeito, o cacto, ao fazer dele uma dramática forma humana. Ele surge personificado pela correspondência com a arte, força selvagem aprisionada na forma resultante do fazer humano. A conversão em imagem o arranca de seu espaço natural de origem, abrindo para esse ente primitivo e singular a dimenção geral do espaço significativo da arte em sua potência expressiva do humano. Assim, ele se torna portador de sentido, forma significativa, signo em que pode se encarnar a paixão, como se nele se plasmasse também o gesto extremo da dor: ícone do supremo sofrimento, sustentado pela contiguidade e pela semelhança que aproximam sua figura ao gesto humano na arte. Mas, ao mesmo tempo, essa figura artística revela seu vínculo com a natureza primitiva, com a força selvagem que nela se plasmou em forma humana" (p. 48).


Referência. ARRIGUCCI Jr., Davi. O cacto e as ruínas: a poesia entre outras artes. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades; Ed. 34, 2000. 154p. (Coleção Espírito crítico)

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